Tempo de leitura: 6 minutos
Agooora sim o ano vai começar.
Não teria coragem de mandar a edição #31 logo após o carnaval porque não passaria a quarta-feira de cinzas escrevendo - por mais que goste. Hoje trago a continuidade da reflexão sobre o engajamento e vários links úteis para você continuar a desatar os nós sobre celebridades.
Feliz ano novo!
Um beijo.
- Ana
Segue o fio
🧵 As edições passadas:
Fio da Meada #29 - O que esperar de 2024
Fio da Meada #30 - Engajamento é uma desculpa
Superbowl e Dunkin’ Donut's
O ano de 2024 já deu o que falar e eu nem estou falando do carnaval mais.
Superbowl é o evento esportivo televisionado mais assistido da história dos EUA e vários dos comerciais que passaram por ali garantiram holofotes na mídia afora.
Mas não é só de coisa boa que vive o Superbowl, já saíram temas bem polêmicos em torno do engajamento fake que pode ter gerado na ex-rede social do passarinho. O que nos remete mais uma vez a reflexão que trouxe na edição #30 sobre engajamento.
Afinal, o que torna o engajamento uma métrica possível para 2024?
Se olharmos para os objetivos de marca de alguns dos 20 comerciais lançados no Superbowl nessa playlist criada pela
, alguns deles tem similaridades e que importaria sim ficar de olho no envolvimento das pessoas.Para tentar responder a pergunta se vale ou não olhar para o engajamento, optei por entender as reações do comercial da Dunkin’ Donuts, porque além de amar donuts, vale a pena colocar em prática o que eu venho falando por aqui sobre a importância dos dados qualitativos.
O que eu fiz: coleta, manipulação e tratamento dos +1800 comentários do comercial no Youtube do canal da Dunkin' Donut's com amostra aleatória de 450 comentários com 99% de confiabilidade categorizando em quatro temas: 1. atores ou celebridades, 2. marca ou produto, 3. comercial ou roteiro e 4. outros.
Como eu fiz: usei de métodos complementares como linguística de corpus, análise textual e visualização de dados para extrair alguns aprendizados das reações das pessoas em torno do roteiro apresentado pela Dunkin’ Donuts.
Quais foram os achados:
Transferência de atributos: Quase metade dos comentários (45%) são relacionados diretamente ao criativo do roteiro ou ao comercial em si, com uma frequência alta de menções associadas às celebridades - commercial (272); best (251); ben (173); love (139); matt (133). Reforçando que qualidades positivas associadas a uma celebridade (como carisma, sucesso ou beleza) podem ser transferidas para a marca ou produto que estão endossando, podendo ampliar significativamente o envolvimento da pessoa.
O uso de celebridades importa: É óbvio que pessoas famosas atraem mais atenção, especialmente quando as identificamos como mainstream. 3 em cada 10 comentários são relacionados às celebridades. O que sugere que pessoas são naturalmente atraídas por celebridades e podem prestar mais atenção a uma mensagem se ela for entregue por alguém de quem gostam ou admiram. P.S.: aqui também pode ter uma influência de que são muitas celebridades juntas em comparação com outros comerciais, mas fica o adendo para avaliar talvez o nível de popularidade como critério no futuro.
O roteiro inusitado deu certo: Os emojis que representaram humor contemplaram 46% (😂😅🔥🤣) seguidos de apreciação com 43% (❤🎉🙏😍) e o restante com elementos surpresa com 6% (😯😮🤔🥴) relacionados diretamente ao roteiro e a conexão entre os atores; demais que não tiveram associação direta ao estímulo ao comercial (5%) deixei de fora. P.S.: Claro que teve um ou outro engraçadinho dizendo: “EAT MY DONUT 🍩” associando o produto que valeu a análise haha.
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🧶 Nas entrelinhas, o que isso quer dizer:
Marcas precisam se atentar ao tipo de endosso que uma celebridade gera. Desde aspectos contratuais - umas podem ser mais de curto ou longo prazo que podem interferir na frequência e lembrança de marca - até o tipo de perfil que deve atuar em torno das estratégias.
Em geral, acredito que há dois tipos - com algumas subdivisões - a partir do que a Issaaf Karhawi traz em seus estudos sobre perfis de influenciadores:
Celebridade é uma pessoa que tem reconhecimento público com características de popularidade e atratividade, contudo, por terem se construído à distância (normalmente são pessoas que ganharam notoriedade através do universo offline) pode não gerar conexão imediata;
Criador(a) de conteúdo pode não necessariamente ser uma celebridade e ser conhecida massivamente, mas como mantém frequência e periodicidade de conteúdo, pode gerar mais credibilidade e vínculo afetivo com as pessoas gerando mais ressonância a médio e longo prazo.
Há desafios e riscos reputacionais, como a possibilidade da mensagem ou a marca em si ser ofuscada pela presença da celebridade e as pessoas não lembrarem da marca ou confundirem com a concorrência, até mesmo controvérsias envolvendo a celebridade afetarem negativamente a percepção da marca.
Seja pelo excesso da digitalização, fadiga emocional ou o languishing no pós-pandemia, nota-se uma necessidade das pessoas serem motivadas por uma emoção forte. Uma certa necessidade de captura emocional, um elemento surpresa, uma emoção que nos desloca do cotidiano, criando assim, uma baita oportunidade em considerar o engajamento como uma métrica possível em 2024.
🧵 Para você continuar a desatar os nós
Por que devemos ainda investir em celebridades? [Link]
Uma lista aleatória da Buzzfeed sobre celebridades [Link]
O que faz uma rede social SER uma rede social? [Link]
Onde está o amor e fidelidade às marcas? [Link]
Pontos de vista
“Tudo parece estar mudando ao mesmo tempo, e não existe um ponto privilegiado, acima da confusão, de onde eu possa enxergar as coisas.” - Henry Jenkins
📖 Cultura da Convergência (Livro)Eu amo que esse livro diz muito - e cada dia mais - sobre o limite que existe entre a esfera do eu e o outro. Ele continua me fazendo pensar sobre a construção da nossa identidade na interseção entre o pessoal e o coletivo, com as comunidades digitais e como as relações estão se dando em tempos digitais.
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“A verdade que aprendi aqui é que você teve que partir porque você é assim. E eu gosto de você como você é. E você é alguém que vai embora” - Hae Sung
🎥 Vidas Passadas (Filme)A essência do In-Yun (um conceito coreano que fala da conexão etérea entre almas) mostra uma certa beleza nos desencontros e na busca por assumir a impermanência da vida; além de abordar a masculinidade e as camadas das relações de uma forma sem ser piegas. Esse filme me fez chorar :')
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“Eu ficaria muito triste se você acabasse como eu ou como qualquer outra pessoa. Você só deve ser você mesma. Você tem tantas coisas boas que são únicas.” - Lars Fagerström
🎥 Amor e Anarquia (Série)Uma baita crítica ácida ao neoliberalismo e uma comédia romântica bem fora da curva. Tem reflexões sobre etarismo, lesbianismo, feminismo e o cerne mesmo está no linha tênue entre a loucura e a subversão. Você está disposta(o) a fazer o que for preciso para ser você?
👩💻 Criado por Ana Talavera | Profissional de Social Insights e Cultura Digital
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