Fio da Meada News #16 | O que faz uma rede social
...ser uma rede social? Imediatismo na mensuração e Google Trends
Tempo de leitura: 6 minutos
Fio da Meada #14
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Segue o fio
O que faz uma rede social ser (e se permanecer), uma rede social?
Eu também não sou fã de spoilers, mas um fato é que depois que li esse texto da Desfavor na hora lembrei da cena final da WandaVision.
De maneira mais atual o Paradoxo do Navio de Teseu que é citado na série, passa por:
Imagine que você queira comprar uma casa. O proprietário de um apê que você amou, já tinha alugado para várias pessoas diferentes antes. Haja reforma! Piso, rejunte, prateleira nova, parede derrubada, gesso… com o passar do tempo, ela deixa de ser a casa original do proprietário, só porque passou de um inquilino para o outro? O que vale da casa é a unidade que sobreviveu ao tempo ou é a sua decomposição que cria uma nova possibilidade de habitação?
No Paradoxo do Navio de Teseu, a discussão mais essencial é sobre identidade. O que rege o paradoxo, é a parte primordial daquilo que é. Ela não muda, mesmo com o passar do tempo. Mesmo sem a decoração ou estruturas originais, a casa se mantém ela mesma pois há algo “maior” habitando dentro dela.
Portanto, a resposta para a pergunta "O que faz uma rede social?" tem que ser aquela para a finalidade que as pessoas decidem usá-la.
O feed do Instagram pode seguir mudando, o algoritmo do TikTok pode ser único, mas as pessoas estão em busca daquilo que já estavam com elas, lá trás. O declínio do uso do Snapchat é uma representação dessa realidade. Sustentar a intimidade de maneira efêmera, se permanecendo anônimo não é bem o que as pessoas desejam. O autor do Desfavor não está errado:
“Não é à toa que muito do conteúdo da rede social está mudando para vídeos, mesmo que curtos: são doses de reações humanas de ‘estranhos’. (…) Ainda estamos buscando os mesmos sorrisos que nossos antepassados buscavam, mas a tela entrou no meio do caminho e eu duvido que ela vá embora num futuro próximo.”
Essa conversa ainda vai longe com os bafafas e threads do moço Adam Mosseri, então não pretendo encerrar essa discussão agora.
Enquanto isso, dê uma olhada no relatório The State of Social Listening produzido pela The Social Intelligence Lab em 2022, com algumas percepções dos gringos sobre essa metodologia tão rica que evolui tanto quanto qualquer rede social citada até aqui.
Desatando os nós
O imediatismo na mensuração em social
E se desse pra ter um guia que abordasse formas de mensurar as redes sociais?
A IPA (The Institute of Practitioners in Advertising) desenvolveu esse guia para fornecer a todos os profissionais de publicidade em geral, uma base nas melhores práticas de medição de mídia social.
“Um dos benefícios do social é que ele fornece medições que permitem que campanhas e atividades ser otimizado em tempo real. A gestão de campanhas devem equilibrar o sucesso a longo prazo com sucesso a curto prazo, uma vez que tendem a depender diferentes elementos e pontos fortes.”
As métricas devem ser avaliadas em um espectro de tempo, ancoradas no impacto em diferentes períodos de curto e longo prazo. A interatividade (engajamento, no caso) pode ser a razão de ser difícil entender o que influencia as decisões finais.
O Twitter por exemplo é frequentemente usado como um indicador de audiência de TV. Afinal, o Twitter “causou” uma maior audiência ou é “causado” pela popularidade do programa? Mesmo com algumas das técnicas de estatísticas mais sofisticadas, é fácil ver causalidade quando na realidade existe correlação.
Outra dinâmica social similar é o chamado “Watching-Eye Effect”, ou “Efeito do Olho Vigilante”. A possibilidade de existir a vigilância já faz com que as pessoas tendam a ter comportamento regrado de acordo com normas sociais e dizerem somente aquilo que elas querem parecer bem-na-fita.
É o caso das placas avisando que existem câmeras ou de fiscais de transporte público ou de descarte irregular de lixo, por exemplo. Estes e outros efeitos são levados em conta em torno da ideia de “Reatividade”: a existência da vigilância real ou pressuposta pode influenciar os resultados de algo que está sendo observado.
Um salve pra você que assim como eu se identifica com esse tweet:
Pontos de vista
Pra evitar perrengue e salvar nos favoritos. Caso tenha sua conta invadida no Instagram, Facebook ou Whatsapp coloque nos links úteis e evite dor de cabeça.
E por falar em perrengue, se liga no O Corre do Close. Na onda de narrativas autênticas e podcasts, vi esse que foi lançado recentemente e curti a proposta que segue a linha do perfil @perrengue_chique pra gente ficar chorrindo.
O que você observa pode estar observando você. Se você já leu Falso Espelho da Jia Tolentino (e se não, recomendo fortemente), vai se identificar com esse texto da Box1824 sobre o espetáculo da vulnerabilidade. Eu não sabia, mas o livro dela foi baseado nessa obra:
Neurociência é nossa amiga e posso provar. O autor unificou de forma bem clara sobre os processos atencionais do nosso cérebro e por que vale a pena a gente sacar sobre data visualization para ganhar mais confiança na hora de montar uma aprê.
Google Trends é uma caixinha de oportunidades. Ainda bem que não é só eu que acho isso. A Gabriela Caesar trabalhou no Trends Data Team do Google e listou as 5 coisas que ela aprendeu que podem ser úteis no seu dia a dia.
Pare de falar sobre “dados” e “privacidade” e comece a falar sobre direitos humanos. Essa é a reflexão da Ogilvy, sobre uma nova era de empoderamento digital de recuperação dos dados, onde eles sugerem que em qualquer fórum democrático, a internet requer uma população vigilante para que possa beneficiar o maior número de pessoas.
A volta dos anos 2000 é boa mesmo? Depois que eu vi no site do TikTok falando sobre a Nowstalgia (a sensação de que você está vivendo um momento que você vai olhar para trás com carinho nos próximos anos), o post da @carlinha faz uma reflexão sobre essa retomada. Será mesmo que queremos nos lembrar de uma época que nos fez tão mal?
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📊 Fio da Meada News é criado por Ana Talavera | Comunicóloga de formação e especialista em pesquisa comportamento de consumo, conversações, ações de engajamento e preferência de marca através da coleta, mineração e análise de dados provenientes de mídias sociais.