A edição de quarta veio na quinta, por motivos de bloquinhos de carnaval. Você vai ver que separei a news em três sessões. Espero que assim te ajude a ler melhor o conteúdo. Vamos lá?
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Um pra muitos
"Você me acha um homem lido, instruído?"
"Com certeza", respondeu Zi-gong. "Não é?"
"De jeito nenhum", replicou Confúcio.
"Simplesmente consegui achar o fio da meada."
QUAAASE um jabá, pero no mucho. Retirei o diálogo acima do prólogo do livro “A sociedade em rede” de Manuel Castells, um sociólogo espanhol. O conceito chamado de paradigmas tecnológicos por Castells, trata em discutir que a internet é um fenômeno social que está em constante transformação.
Errado ele não tá, porque muito do que estamos vivendo hoje, é uma discussão permanente sobre o que podemos contar com a tecnologia e o que dela, trará a desconexão humana. Em uma era mais digitalizada, seremos cobrados cada vez mais em sermos humanos.
Tá, sei que já ouviu isso tudo, mas vim pra refrescar sua memória. Na edição passada #8, citei sobre a importância de compreender as subjetividades humanas e do quanto a curadoria de dados, ou seja, a busca pela fonte qualificada e mapeamento de informações relevantes, pode facilitar esse match.
O quadrante abaixo me ajuda a lembrar que o excesso de dados, deixa de ser essencial. Visão analítica e subjetiva devem andar juntas e quanto mais próximas do topo, melhor. A frase dos Linkediners menos é mais, acaba sendo verdadeira aqui.
Uma prova disso, é que o hype em torno do Clubhouse vem caindo em quase 90% nas mídias sociais, comparando com os últimos 10 dias pela plataforma Stilingue. Isso significa que ele vai deixar de ser relevante? Não exatamente.
A queda do interesse na imprensa e nos feeds alheios, não necessariamente diz que o aplicativo será irrelevante. Talvez (ou justamente por isso) as pessoas estejam migrando para conversar na própria rede social e criando suas maneiras de papear por áudio e com pessoas desconhecidas.
Isso vem acontecendo porque o que está por trás do boom do aplicativo, é uma evolução das mídias sociais. Rex Woodbury traz uma divisão de mídias sociais, 1 por 1 e 1 pra muitos que exemplifica muito bem essa jornada 3.0 e de como o Clubhouse se enquadra nessa nova onda:
Social Media 1.0 - onde tudo era mato na internet, com experiência full desktop e com um grupo seleto de pessoas que faziam parte da sua convivência. Quem lembra do ICQ (1997), Friendster (2002), MySpace (2003) ou até mesmo o Facebook (2004) pra aceitar os migues do colégio e ficar próximo da família estendida?
Social Media 2.0 - surge o mobile first com aplicativos que promovem mais interações entre pessoas, além da nossa convivência social; há também a expansão dos influenciadores aqui com Instagram (2010) e Snapchat (2011) e potencial de conversa com pessoas “de fora” da nossa bolha.
Social Media 3.0 - ainda com a proximidade em ser mobile first do 2.0, vemos aqui um esforço maior em criar uma experiência. O TikTok (2016), por exemplo, foi construído com o mindset global e traz uma lógica da cópia e de rapidez. O layout aqui também fomenta a repetição em loop, centrado em vídeo e conteúdo vertical.
O Clubhouse (2020), também possui essa forte dependência de algoritmos para impulsionar o conteúdo fora do círculo social imediato do usuário. Você precisa seguir para ser visto e é convidado para participar de alguma conversa se perceberem que você tem contatos relevantes e de forte influência na rede. Se você segue pessoas com moderação mais ativa, a chance de aparecer mais conteúdos dessa pessoa é maior.
O efeito Clubhouse
O que está se discutindo é que o aplicativo dá espaço para o lugar de fala, enquanto outros, dizem que é o lugar de falha. Não vou polemizar mais do que eu já fiz aqui, o ponto é: o comando de voz, seja ele inserido na Alexa, Siri, podcasts, até mesmo no Waze ou no Clubhouse é o novo pretinho básico da comunicação.
Por conta de toda atenção que o app vem ganhando, Mark não ficou de fora com esse meme postado pela Mashable. O interesse do Facebooker resgatou um conceito não tão novo, mas que é bom ficar de olho a criptomnésia social.
O conceito basicamente se refere a "uma memória esquecida inconscientemente por alguém como uma ideia própria, sem que se dê conta". Em outras palavras, é um efeito de um roubo não-intencional de ideias e a perda de memória pelos excessos de conteúdo e plataformas ativas.
Três principais impactos possíveis da criptomnésia social para as marcas:
Influência falsa: o papel dos influenciadores será questionado a cada dia com postagens e parcerias genuínas entre marcas. Especialmente por eles terem agora muito mais responsabilidade social do que antes. Será que foi inspiração ou pura cópia de um story que vi ali na gringa?
Overload de conteúdo: uma exposição em excesso nas mídias sociais reduz a capacidade de processar informações e esgota sua memória de trabalho de curto prazo, é o que diz Royal Institute of Technology. É um prato cheio para as marcas repensarem suas estratégias e de uma vez por todas, colocarem esforços em entreter e não em interromper.
Potencial das marcas serem meaningful: para as pessoas não terem lapsos de memória e esquecer daquele banner impulsionado às pressas, o trabalho de branding e de estratégias que desenvolvam relacionamento e proximidade serão mais importantes que nunca. Para aquelas marcas que são parecidas com a concorrência, investir em mapeamento de oportunidades e de territórios para se diferenciarem em meio ao sol será essencial. Vide McDonald's que já está fugindo um pouco do conceito junk food, para um “minimalismo funcional”, com menos calorias.
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Ainda sobre BBB
Depois de todo o bafafa dos últimos dias com a saída do Nego Di, sendo inclusive associado com a ação poderosa de Protex (ponto positivo pra marca), é cada vez mais necessário atentar-se ao que se passa ao universo semântico das marcas.
No slide abaixo, comece a se questionar onde a marca e/ou empresa que você trabalha habita, nessa trilha de assuntos quentes como BBB.
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👩💻 Fio da Meada News é criado por Ana Talavera | pesquisadora digital, comunicóloga de formação e estrategista cultural. Também é curadora de métodos de análise de dados, apaixonada por comportamento digital e pela escrita.
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