Completou um pouco mais de duas semanas desde o fim da SXSW e agora sim divido algumas impressões, ufa!
Se você curte um resumão, você pode acessar aqui as citações relevantes dos palestrantes e aprendizados gerais sobre o evento na versão online, que produzi com a Soraia Lima e o Raul Santahelena. Na edição #11 do Fio da Meada de hoje, terá menos inspiração e mais vida real.
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É verdade esse bilete
O tweet do @LucasSchuch publicado bem no meio da semana da SXSW, representou bem o que senti no segundo dia de evento:
Ainda que estivesse imersa com temas bem interessantes, algo me dizia que muito do que estava ouvindo estava distante da realidade brasileira.
Essa sensação foi retratada de uma certa forma em uma matéria da The New Yorker, sobre “O Que os Dados Não Podem Fazer”:
“Em um ano de incertezas, os números passaram a servir de fonte de conforto. Seduzidos por sua aparente precisão e objetividade, podemos nos sentir traídos quando os números não conseguem captar a indisciplina da realidade.”
O fato é que não podemos depender só dos dados para compreender os dias atuais. Claro, sem querer diminuir a relevância do evento e sendo o meu primeiro SXSW, trago aqui apenas a provocação de que a natureza do conteúdo não deve ser maior que a adequação à realidade.
Ainda que estejamos flertando com a estatística e com os números cada vez mais, mesmo nas melhores circunstâncias, a análise estatística raramente revela “a verdade”. Pelas palavras de Charles Wheelan no livro Estatística: O que é, para que serve, como funciona:
“Mesmo que estatística esteja enraizado na matemática - e a matemática é exata - o uso da estatística para descrever fenômenos complexos não é exato.”
Não é magia, é antropologia
O que aconteceu com o bombom "Feitiçaria”, (re)lançamento da Lacta nos últimos meses e com a ação de Burger King na gringa, no Dia Internacional da Mulher, me fez ficar vidrada em um dos paineis mais esperados da SXSW: Anthropology as a Crucial Frame for Change. Em tradução livre, A Antropologia como um Marco Crucial para a Mudança.
Em ambos os casos, a fala da Gigi Taylor que liderou o painel resume bem o que faltou ou o que deixou à desejar, de ambas as marcas:
“O desafio é mover meus clientes de uma abordagem baseada na psicologia — necessidades, comportamentos, emoções e motivações — para uma abordagem cultural, na qual estamos olhando para símbolos e significados.”
A volta do bombom com uma narrativa tradicional, em um cenário político e de extrema polarização, talvez não tenha sido a melhor opção para a Lacta.
Da mesma forma que estamos vivenciando uma situação com inúmeros casos de negacionismo, as crenças e superstições fazem parte da busca do ser humano por segurança e faz com que as pessoas busquem um benefício imediato. A falta da comunicação e transparência do novo produto estar na embalagem, pode ter sido um dos motivos pelo repercussão negativa.
Para o caso do Burger King, a marca extrapolou a criatividade em uma data super significativa, desconsiderando a possibilidade de boicote, insistindo na importância do tema, sem levar em conta o contexto e histórico do mesmo.
Memes e interações começaram a surgir de empresas do ramo, sugerindo que a marca excluísse o tweet. A marca o fez, depois de ter caído na real que a proposta não pegou tão bem assim.
Tratar como parte essencial do processo, a cultura e a história para endereçar desafios de negócio e de comunicação, já não é mais uma opção como você já deve ter percebido. Após o painel da Gigi, resumi em cinco perguntas que considerei relevantes para qualquer marca ficar atenta:
Me conta o que achou? Deixe um comentário aqui:
#TeamJuliette
Você soube que a paraibana teve sua conta no Twitter desativada temporariamente semana passada? Preciso comentar sobre esse bafafa que rolou sobre o time de administradores da @FreireJuliette, porque tem tu-do a ver com o que eu vi no SXSW.
Desde relevância cultural à comunidade, Juliette é um exemplo de como trazer à tona elementos culturais de uma região e representar por meio de vídeos, tweets, e interações genuínas.
A Victoire, co-founder da Gloria Football, disse no painel How to Build a More Authentic Online Community, em tradução livre “Como construir uma comunidade online mais autêntica” o seguinte:
“Community para mim é algo pessoal, é sobre um sentimento, sobre sentir-se vista e representada. Quando foi a última vez que você se sentiu assim? Compreendida, celebrada, vista? Não há comunidade sem comunicação, sem conversa contínua.”
Saiu na imprensa que o time composto por mais de +15 pessoas, teria burlado o algoritmo das redes, comprando seguidores. Rolaram discussões acaloradas insistindo na má conduta do time e na não-relevância da participante no Twitter também.
Abaixo, segue alguns dados coletados via Stilingue Trends, que reúne informações diretamente do Trending Topics do Twitter, nos últimos 7 dias (29/03 a 04/04) sobre a Juliette:
+300 mil menções é a quantidade de menções coletadas citando ”juliette”;
+97 mil pessoas falam sobre ela - o que equivale 4 menções por usuário aproximadamente, demonstrando a capacidade de buzz sobre a sister;
A palavra mais próxima associada à Juliette é "tretas" - o que mostra a ressonância pelo tema e assuntos que representam a continuidade de interações;
+45 mil menções é a quantidade de termos que representam a torcida pela participante como "TeamJuliette”, quase 5x mais do que qualquer outro participante;
Como ela não pode ser um fenômeno, minha gentem?!
Pontos de atenção
Das conversas que surgiram de pessoas “analisando a conta” da Juliette via Marketing Hub, Modash ou ainda Upfluence, todas elas trazem estimativa e não se pode comparar uma ferramenta com a outra;
Cada uma tem uma forma de trazer os dados, seja por score - como funciona por exemplo com o Google Trends, que não é por volume de busca e sim por pontuação - e não por porcentagem ou volume bruto;
Conhecer o método de cada ferramenta, identificar as unidades de medida que estão aparecendo por ali e compreender como funciona as redes sociais é o que vai garantir uma boa análise. Por fim, fuja de prints de ferramentas sem o devido rigor técnico e conceitual.
Cupom de desconto? Sim!
Quer ficar por dentro de um evento com uma mulherada incrível? Não tenho nem roupa! Convidei na edição passada e reforço o convite, mas dessa vez com um cupom de desconto que a produção da TechWomen me mandou.
O código do cupom é: atalavera e com ele você terá 25% de desconto, ok? Corre pra garantir o seu, porque tem limite de compra.
Meu tema vai rolar no dia 16/04 e vai ser sobre "A busca pelas não-tendências: como extrair insights aplicáveis através dos dados do presente". Estou bem animada e nervouse. Curtiu? Inscreva-se: www.techwomensummit.com.br.
Obrigada por ler até o final. Quer sugerir algum tema ou fazer algum comentário?Clique aqui ou no botão abaixo.
👩💻 Fio da Meada News é criado por Ana Talavera | pesquisadora digital, comunicóloga de formação e estrategista cultural. Também é curadora de métodos de análise de dados, apaixonada por comportamento digital e pela escrita.
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